sábado, 21 de fevereiro de 2009

Ingratos com a vida (ilustrado com o exemplo israelo-palestiniano)

Vou abordar o assunto em poucas palavras, pois que caso ousasse alargar-me, o artigo teria algumas páginas.
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O mundo não está em paz. E nós não temos noção disso. Há problemas em locais do mundo, os quais não nos interessam, porque estão longe de nós, em quilómetros e em probabilidade de nos acontecer.
O facto é que pensamos que vivemos num conto de Fadas, e que o mundo é todo assim, como o dos jovens adolescentes europeus, cujos únicos problemas são os amores impossíveis, a escolinha que é difícil, o part-time que não se arranja, a família que é chata, os amigos parvos desta vida, o nosso programa de TV cancelado. Problemas. Que grandes problemas estes, sem dúvida! A maioria dos jovens portugueses nem sequer pára para pensar que a sua atitude perante a vida, e os seus problemas, são ridículos, por comparação com algo que se passa lá fora.
Porque enquanto nós estamos a estudar que nem malucos para História ou Matemática, os jovens palestinianos não vão à escola, e vêem a sua família a morrer à mão de israelitas. Enquanto nós pedimos dinheiro aos nossos pais para ir à discoteca ou às compras, e se eles não nos dão ficamos fulos; os jovens palestinianos pedem água aos pais, os pais nem uma gota têm, e os jovens resignam-se. Enquanto que os ridículos gangues de bairro lutam por "honra" e território, os palestinianos e israelitas rebentam-se uns aos outros pelo líquido vital [e não tanto pela "honra" (neste caso, religiosa) e território, como normalmente se pensa...se bem que estes assuntos ridículos também são, lá, motivo de morte e destruição.].

Tanta coisa fútil e inútil fazemos nós, a nova geração, em Portugal, na Europa, na América. E na Palestina os jovens nem tempo têm para pensar nesse tipo de coisas. O mundo está a morrer aos poucos, e nós preocupados com os quilos a mais, e as namoradas a menos.
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Qual é o objectivo deste artigo?
Não é dizer-vos "Vão para lá e lutem com eles!" ou "Façam o mesmo em Portugal", ou "Deixem de estudar e de se divertir, que há assuntos mais prementes na vida". Não. Vivemos em realidades e mundos diferentes.

Este artigo surge mais como um apelo ao fim da futilidade e à criação de uma consciência de que há um conflito lá fora (neste caso, o Israelo-Palestiniano) que um dia, até pode chegar cá. O conflito da falta de água. Este artigo surge para vos fazer compreender que o mundo é mais que o centro comercial e o Loft, e até a escola, e que ao pé desta situação trágica, a nossa vida é perfeita. Para quê reclamarmos com a vida se, comparando com isto, ela é tão boa? Pronto, está bem, que o humano (em especial, o jovem) quer sempre mais, e melhor. Mas quero dizer...consciencializem-se que o mundo é muito mais complicado do que parece.

Não sejamos ingratos com a vida, que ela não merece que reclamemos tanto, nem que peçamos tanto. Trabalhem, estudem...enfim, vivam! Mas não se esqueçam de o mundo não é um jardim, e que há pior do que aquilo que vivemos.

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